A editora Ana Prado, que se formou em Comunicação Social e
posteriormente Filosofia na USP, listou algumas crenças que costumamos ter
antes de entrar na faculdade – e que se mostram incorretas quando a vida
universitária começa.
1. “Só vou estudar as matérias que eu amo e que serão úteis
para a profissão que escolhi.”
Eu era nerd, mas física e química me faziam sofrer um pouco
na escola. Quando pensava em uma vida só com humanas e linguagens na faculdade
de jornalismo, meu coração se acalmava e eu vislumbrava um lindo futuro feito
apenas de gostosas leituras. Mas caí do cavalo logo no primeiro ano: não tem
fórmulas químicas, mas tem muita coisa chata, sim. E tem muita matéria que até
hoje não descobri para que servem. Então vamos com calma: você vai estudar
muita coisa legal, mas provavelmente não vai amar 100% da sua grade – e tudo
bem! (O problema é se você odiar a grande maioria das matérias que tem na
faculdade...).
2. “Assim que entrar na faculdade terei minha profissão
definida.”
“Eu não tenho ideia do
que estou fazendo”. Você vai se sentir assim também em alguns momentos, mas
está tudo bem! (www.slothilda.com/Giphy)
Adolescente é cheio de dúvidas, e eu costumava pensar que
isso era coisa da idade. Mas aí vamos crescendo e descobrimos que as dúvidas
continuam – especialmente aquelas sobre o que queremos da vida. Acho que
raríssimas pessoas realmente sabem o que querem e realmente têm certeza de que
escolheram a profissão certa. Afinal de contas, a gente não tem como saber.
Nunca saberei se seria feliz como astrônoma ou médica a menos que decida
trabalhar com essas coisas. Fazer uma escolha significa abrir mão de outras
possibilidades, então temos que nos contentar com essa falta de certeza.
É claro que escolher um curso já é uma enorme decisão que irá
direcionar a sua vida. Mas quando entrar na faculdade e começar a aprender
sobre a carreira que escolheu, você vai descobrir um mundo de possibilidades.
Para começar, pode escolher entre seguir a área acadêmica ou ir para o mercado
profissional. Para cada uma dessas opções, há um leque enorme de opções, e cada
opção abre outro leque e assim por diante.
Portanto, acostume-se com a dúvida. E aproveite o tempo na
faculdade para se conhecer melhor, descobrir seus talentos, interesses,
objetivos na vida – e também entender quais são as coisas que você
definitivamente não curte. Isso sempre ajuda a tomar decisões melhores.
3. “A faculdade é uma extensão da escola, só que com matérias
diferentes”
Talvez esse engano seja responsável pelo choque de realidade
mais comum que as pessoas têm ao entrar na faculdade. Muita gente espera
encontrar professores iguais aos do ensino médio ou do cursinho, com aulas
dinâmicas, explicações detalhadas e truques para você apreender o conteúdo. A
vida universitária, porém, pode ser feita de muitas aulas monótonas e
professores que parecem pouco se importar se você entendeu a matéria ou não.
Por causa disso, sempre tem uma turma que se revolta (já vi
isso acontecer várias vezes) e reclama para a direção, faz abaixo-assinado para
tentar tirar o professor, boicota a aula. Outras pessoas se desanimam e começam
a faltar à aula, ou então passam só para assinar a lista de chamada e vão
embora. E alguns até ficam na sala o tempo todo, mas fazendo outras coisas.
Sim, tem muito professor de universidade que não tem muita
didática, e isso é uma droga. E se estiver realmente prejudicando a turma, pode
valer a pena tentar encontrar uma solução – sempre respeitosa, é claro. Mas,
antes de tomar qualquer decisão, busque entender porque aquele professor foi
escolhido para dar aquela aula. Procure saber mais sobre a sua linha de
pesquisa e sua experiência de mercado e descubra como pode se beneficiar do
conhecimento que ele tem (nunca se esqueça de que ele sabe mais do que você).
E faça a sua parte. Boicotar a aula só trará prejuízos a você
mesmo. É preciso sempre ter em mente que faculdade não é ensino médio. Na
faculdade, estamos em um ambiente em que se espera de nós que tenhamos
comprometimento e corramos atrás do próprio aprendizado. Aliás, vale dizer: as
leituras recomendadas são realmente importantes. Não dá mais para contar só com
a explicação em aula, até porque muitos professores usam esse tempo para
discutir e aplicar conceitos já explicitados nos textos.
Fonte : baseado em artigo publicado em www.guiadoestudante.abril.com.br/blog/vida-universitaria
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