Um entrou para a faculdade de Medicina aos 16 anos. O outro
foi conhecer um pouco do mundo lá fora para só depois decidir o próprio futuro.
Ambos têm 20 anos, mas enquanto o primeiro já está há 4 anos na universidade, o
segundo está há apenas um. Qual das duas experiências é a ideal?
"Dos 16 aos 18 anos, a maioria dos jovens não está
preparada para escolher a profissão, principalmente hoje em dia, devido à
superproteção dos pais, que não dão oportunidade para os filhos se virarem,
escolherem, lutarem para conseguir as coisas", analisa a psicóloga Dulce
Helena Penna Soares, coordenadora do LIOP (Laboratório de Informação e
Orientação Profissional) da UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina).
Para ilustrar essa situação, o Universia promoveu um
bate-papo entre os dois jovens citados. Assim, você vai ver que ambas as
experiências citadas no primeiro parágrafo são riquíssimas ao ler a troca de
ideias desses dois personagens da vida real - o estudante de Medicina da USP
(Universidade de São Paulo) Gustavo Piotto, e o estudante de Psicologia da
PUC-SP (Pontifícia Universidade Católica de São Paulo) Guilherme Destro. Cada
um com a sua história de vida, a sua personalidade e o curso que escolheu.
"Eu me senti sem alicerce ao terminar o Ensino Médio.
Precisava viajar um pouco para colocar a cabeça no lugar, segui o exemplo do
meu pai, que havia feito o mesmo na minha idade", diz Guilherme.
"Pois eu me sentiria sem alicerce viajando para um país estranho, sozinho.
Não tenho esse espírito aventureiro e minha família não iria apoiar",
retruca Gustavo, que já tinha convicção de que queria ser médico desde muito
cedo.
Guilherme, antes mesmo de viajar, prestou vestibular para
Artes Plásticas na USP e Psicologia, na PUC. Mesmo passando na PUC, nem foi
fazer a matrícula. "Eu sabia que a viagem seria útil para mim tanto como
pessoa quanto como profissional. Na Psicologia, é essencial você conhecer o ser
humano e, conhecê-lo inserido em diferentes culturas é interessantíssimo para
um psicólogo", diz ele, que foi morar com um tio em Miami, onde estudou
fotografia e trabalhou como pintor de paredes durante cinco meses.
Para Dulce, o interessante da experiência de Guilherme é o
amadurecimento que se ganha. "Os jovens da classe média brasileira têm uma
visão idealizada do mundo e das profissões. Precisam passar por uma situação na
qual se exige responsabilidade para dar mais valor ao dinheiro, às relações,
saber dos seus direitos - coisas que o nosso 'jeitinho brasileiro' muitas vezes
atrapalha", diz. Segundo ela, é essencial passar por situações em que seja
necessário se virar. "Só assim ganhamos autonomia e segurança."
A vantagem de entrar para a faculdade direto depois do Ensino
Médio, no entanto, é estar mais preparado em termos intelectuais para prestar
vestibular, com o conteúdo fresquinho na cabeça. Além disso, dá mais motivação
estar em sintonia com a maioria dos amigos. "Se você passa muito tempo
longe do país, ou fazendo outra coisa - trabalhando, por exemplo - pode se
sentir muito sozinho ao voltar a estudar, pois os amigos estão em outro momento",
pondera Dulce.
Mas ela garante: não é preciso ter pressa para entrar no
mercado de trabalho. "Não faz diferença o recém-formado ser 2 ou 3 anos
mais velho do que a maioria. Não existe preconceito por parte das empresas. Em
muitas profissões, até se valoriza os mais velhos, por serem mais
maduros", diz.
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